Trouxe cordas e fios já usados que cortou aos bocados com uma navalha sem bico e atirou um pedaço para cada um. Disse-nos que a navalha é uma ferramenta muito importante e que nenhum pescador pode andar sem ela. Sobre os nós disse que havia para cima de 1 000 mas só nos ia ensinar os mais simples e mais utilizados na lida do mar.
E lá começamos.
Primeiro mostrou-nos o seu livro “Arte de Marinheiro”e todos queríamos aprender os mais bonitos mas o tio Quim disse que não podia ser. Os nós bonitos eram os mais difíceis e tínhamos que começar pelos mais simples.
Então, ensinou-nos a fazer a laçada simples,a seguir o nó direito mas, nesta parte, é que foi mais difícil pois saía tudo torto. Todos chamavam pelo tio Quim. Como as professoras também estavam a aprender e bem, deram-nos uma grande ajuda. Neste dia alguns já faziam bem este nó.
Passamos uma tarde divertida com o tio Quim que é um senhor paciente, sempre bem-disposto, poeta e muito falador. Contou-nos muitas peripécias da sua vida.
Nos seus passeios pela praia recolhe de tudo o que o mar deixa no areal: conchas, búzios, beijinhos, pedaços de madeira e com eles faz verdadeiras obras de arte. Faz miniaturas de barcos, de artes do mar, arranja bússolas avariadas e mais mil e uma coisa. Até versos sabe fazer! Quando assinou o Livro de Honra deixou um verso assim:
Eu na escola fui recebido
Era uma alegria farta
Não foi em Perre nem Abelheira
Foi na escola em Santa Marta
Despedimo-nos até 6ª-feira.
Quando voltou recebemo-lo com muita alegria. Como mostramos que já fazíamos bem os nós, deixamos as cordas usadas e fizemos os nós na corda branca de algodão para depois os colarmos num quadro de madeira que o avô do Bruno Arieira ofereceu para cada aluno.
Enquanto trabalhávamos fizemos algumas perguntas sobre a sua vida.
- O tio Quim foi sempre pescador?
- Não. Primeiro fui carpinteiro pois o meu pai era calafate. Fazia barcos de pesca, em Peniche onde nasci, e nem sabia ler nem escrever. Como faleceu muito novo comecei a trabalhar ainda criança. Andei na pesca antes de fazer umas viagens em navios mercantes para África e Alemanha. Depois voltei para a pesca em Viana.
- Qual foi a viagem que demorou mais tempo?
- Foi para Moçambique, demorou quarenta e nove dias a lá chegar.
- Qual foi o maior peixe que pescou?
- Um congro que pesava 46 quilos.
- Qual foi o peixe mais perigoso que apanhou?
- Foi um tubarão branco. Era um bicho muito bonito.
- qual era o nome do primeiro barco em que andou?
- Ah, isso já não me lembro. Foram tantos! Mas o meu barco esse chamava-se Amiga. Era o Quim e a Amiga. Às vezes perguntavam à minha mulher onde estava o Quim e ela respondia: Está na Amiga! Pois estava a trabalhar
E como o tempo passa a voar despedimo-nos do tio Quim com a promessa de que vai voltar.
Trabalho das turmas do 4º ano CES-7 e CES-8
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